A América Latina está prestes a ter o seu único Museu de Arqueologia Bíblica, onde estudiosos e pesquisadores de todo o mundo poderão analisar evidências e refletir sobre as mais variadas descobertas que comprovam a veracidade das Escrituras Sagradas.
No último sábado (9), o arqueólogo e historiador, Rodrigo Silva, inaugurou a fundação do MAB (Museu de Arqueologia Bíblica) durante um culto que aconteceu pela manhã, na igreja do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), em Engenheiro Coelho.
O Guiame esteve presente em todos os momentos e participou do roteiro especial preparado pelos organizadores. Em entrevista, Rodrigo disse que o projeto do museu está ancorado em princípios pedagógicos, teológicos e culturais.
A construção do museu teve sua primeira fase a partir de 2015, que foi interrompida logo após o início da pandemia por Covid-19. Em 2022, a construção foi retomada através da ajuda de alguns investidores que participaram do evento.
A previsão para a conclusão da obra do Museu de Arqueologia Bíblica é para o primeiro semestre de 2023 e a entrada será gratuita. O museu fica dentro do Unasp, na alameda de entrada do campus, próximo a rótula das bandeiras.
Sobre o MAB
Atualmente, cerca de 20% das peças estão expostas num espaço de 40 m². O novo museu foi projetado para oferecer um espaço muito maior, para expor as 2.850 peças vindas de várias partes do mundo.
“O prédio já existente tem 380 m², uma marquise frontal de 40 m² e o edifício anexo novo terá 680 m², num total de 1.100 m² de área construída, aproximadamente”, detalhou Janaina Xavier que é professora e museóloga do Unasp e trabalha em parceria com Rodrigo Silva.
“Haverá um acervo para pesquisas de pessoas acadêmicas, no nível de mestrado até o pós-doutorado”, disse o arqueólogo.
“Esse museu vai atrair as pessoas a se voltarem para o texto bíblico de maneira contextual — eu diria ler a Bíblia em 3D. E para os jovens que estão entrando para a faculdade, é uma maneira de mostrar argumentos a favor da Bíblia, para ajudá-los numa apologética cristã bem educada, cordial, porém, firme nos seus conceitos e princípios”, continuou.
Rodrigo Silva no terreno onde está sendo construído o MAB, em 9 de abril de 2022. (Foto: Unasp)
Sobre as peças que serão expostas
O museu pretende contar a história da humanidade conforme a Bíblia, mas isso inclui também a apresentação da cultura do antigo Oriente Médio.
“Apesar de se chamar Museu de Arqueologia ‘Bíblica’, ele vai dialogar com a história do Egito, da Babilônia e de Roma, através de peças que serão expostas e que, atualmente, só podem ser vistas na Europa ou nos Estados Unidos”, revelou.
Para os cristãos, o museu vai contar histórias bíblicas de maneira tridimensional, “além de enaltecer a Palavra, glorificando a Deus que está na base do nosso projeto educacional”, ressaltou o arqueólogo.
De volta às origens bíblicas
Rodrigo cita uma pesquisa norte-americana que mostrou que o índice de cultura bíblica entre os americanos está diminuindo acentuadamente. “O número de americanos lendo a Bíblia é o menor da história — 50% em 2021 e caiu para 39% em 2022”, compartilhou.
“Embora a pesquisa esteja falando da realidade norte-americana, acredito que, no Brasil, a situação não seja muito diferente”, apontou.
O historiador também deixou claro que “o fato de o museu estar localizado dentro de uma Instituição Adventista, ele não está fechado dentro dos limites da Igreja”.
“A Adventista é um fiel depositário de um acervo que é um patrimônio da humanidade e um presente para o Brasil”, esclareceu.
Atual construção do MAB. (Foto: Unasp)
Descobertas arqueológicas mais relevantes
Entre as peças, o arqueólogo destaca o “tijolo de Nabucodonosor”, os pregos da crucificação, páginas manuscritas da Bíblia, do século 12, um tijolo romano com a marca da décima legião fretensis, que destruiu Jerusalém no ano 70 e um selo original do rei Ezequias, com o símbolo do escaravelho.
Sobre as descobertas mais importantes para a arqueologia bíblica, no mundo, ele destaca em primeiro lugar os Manuscritos do Mar Morto, em segundo as pesquisas históricas da cidade de Jerusalém, realizadas a partir de 1930, por Edward Robinson.
Tijolo babilônico com o nome do rei Nabucodonosor. (Foto Guiame)
Conforme Rodrigo, os romanos ficaram morando ali para que os judeus não voltassem. “Eles construíram suas casas, colocando o emblema deles e nós temos uma dessas peças aqui”, contou.
As peças serão classificadas em dois vértices: geográfico e cronológico. “Serão indicadas por suas idades — bronze antigo, médio e recente, ferro I e II, períodos persa, grego, romano e bizantino”, explicou.
“Na historiografia bíblica, vamos acompanhar o período do Êxodo, onde fica concentrada a parte do Egito, o período de Reis, entre outros”, disse.
“A ideia do acervo é apresentar a você e sua família, cristãos e não cristãos, a história da Bíblia de forma material, com peças originais vindas de Israel, Egito, Jordânia e Oriente Médio. A construção desse museu será de extrema importância para o nosso país”, concluiu.