Uma descoberta feita por arqueólogos que trabalhavam em Siló, em junho, apontam um cais que eles acreditam ter formado uma porta para um complexo de portões no extremo norte da cidade bíblica.
Para Scott Stripling, diretor das escavações de Tel Shiloh para a Associates for Biblical Research, a descoberta surpreendente fez sentido porque a parede estava localizada a apenas um quilômetro da nascente de Siló.
Essa condição torna lógica a ideia de que os moradores entrassem e saíssem daquele lado da cidade para ter acesso à água. “Este era o portão principal ou outro portão”, disse Stripling ao All Israel News.
Stripling informou que eles também descobriram um aterro que circunda a muralha da fortificação, chamado “glacis”, que terminava na entrada do portão. No local, havia uma brecha simétrica na parede que sugere ter havido uma câmara do portão – um complexo, por onde as pessoas precisavam passar antes de entrar na própria cidade.
“Isso é importante porque o sumo sacerdote Eli morreu no portão de Siló”, disse Stripling. “Descobrimos o que pensamos ser o portão mencionado em 1 Samuel 4.”
“Quando ouviu sobre a arca de Deus, Eli caiu para trás de sua cadeira ao lado do portão. Seu pescoço foi quebrado e ele morreu, pois era um homem velho e pesado. Ele liderou Israel 40 anos” (1 Samuel 4:18).
43 anos de descoberta bíblica
As escavações em Tel Shiloh foram realizadas por Stripling durante maio e junho, ao lado de 135 voluntários de 11 nações e 12 universidades. A Associates for Biblical Research trabalha nas terras altas de Israel há 43 anos.
O arqueólogo e sua equipe trabalham em Tel Shiloh desde 2017, com uma pausa de dois anos durante a pandemia do Covid-19, voltando agora para a quarta temporada de escavações.
Antes de Tel Shiloh, eles cavaram em Khirbet el-Maqatir. Tel Shiloh é o quarto local que eles escavaram.
Stripling ganhou as manchetes este ano quando anunciou que uma tabuleta de chumbo medindo 2 centímetros quadrados – tirada de um sítio no Monte Ebal.
A equipe de Stripling descobriu o artefato em dezembro de 2019, mas levou dois anos e uma nova tecnologia de tomografia computadorizada para decifrar o texto dentro porque o amuleto, que estava dobrado ao meio e o metal era muito frágil para ser desdobrado.
As tomografias realizadas em Praga revelaram uma antiga inscrição hebraica proto-alfabética composta por 48 letras, incluindo o que se acredita ser o nome de Deus.
Siló na Bíblia
A cidade de Siló é um dos locais bíblicos mais significativos onde Stripling trabalhou. O local é mencionado pela primeira vez na Bíblia quando Josué ergue o tabernáculo, onde a Arca da Aliança foi colocada.
As descobertas datam o local do período do Bronze Médio II. O local serviu como capital de Israel por mais de 300 anos antes de Jerusalém.
Durante suas quatro temporadas de escavações, Stripling e sua equipe descobriram uma série de objetos que ajudam a validar a narrativa bíblica – embora haja quem discorde.
Stripling disse que se alguns colegas não acreditarem que a narrativa bíblica é precisa e se eles tiverem outra explicação, “eu adoraria ouvir”.
“Tudo isso junto nos sugere indutivamente que estamos vendo o que é encontrado na Bíblia”, disse Stripling. “Existem muitas linhas de evidência e delas emerge uma imagem abrangente.”
Ele disse que a equipe escavou milhares de outros ossos nesta última empreitada. Eles agora passarão por datação por carbono e análise zooarqueológica na esperança de obter mais clareza.
Ele acrescentou que a equipe encontrou evidências de que o local continuou a ser ocupado por muitas gerações, inclusive durante o Período do Segundo Templo, época em que Jesus viveu na Terra, e mais tarde durante os períodos bizantino, islâmico, romano tardio e persa.