A situação dos cristãos na Índia pode se tornar ainda mais difícil após a vitória do partido ultranacionalista BJP nas eleições locais. No poder há dez anos, a legenda faz vista grossa aos ataques praticados por extremistas hindus contra os seguidores de Jesus.
A Missão Portas Abertas divulgou relatório indicando que a situação com a vitória do Partido Bharatiya Janata (BJP), do atual primeiro-ministro Narendra Modi, tende a se tornar ainda mais difícil.
Modi irá para o terceiro mandato seguido, e nos outros dois, a situação dos cristãos que sofrem perseguição foi negligenciada. Em Manipular, por exemplo, há mais de um ano os cristãos têm sido atacados de maneira recorrente. Em um dos casos, cristãs presbiterianas foram estupradas e assassinadas após serem forçadas a desfilarem nuas nas ruas em julho do ano passado, segundo o Church Times.
“Depois de seis semanas de votação, a maior eleição da história terminou. No entanto, apesar da vitória do BJP, o partido não conseguiu a maioria dos lugares no parlamento. Isso cria a expectativa de que possa haver um pouco mais de diálogo sobre o tema da tolerância religiosa. Mesmo assim, a agenda de nacionalismo religioso hindu continua a ter um espaço relevante na sociedade indiana”, resumiu a Portas Abertas.
O BJP chegou ao poder em 2014, ano em que os casos de intolerância contra cristãos e muçulmanos cresceu significativamente. Prya Sharma, pseudônimo de uma parceira da Portas Abertas, conta que é possível notar um padrão na forma em que os ataques são feitos, o que indica que não se trata de casos isolados:
“Os ataques a cristãos têm se tornado sistemáticos e aumentam cada vez mais. Pastores são presos sob falsas acusações, igrejas têm sido fechadas e muitos são forçados à reconversão ao hinduísmo”, diz Prya.
A Portas Abertas entende que a “ideologia de grupos extremistas hindus é favorecida pelo BJP, de modo que agressões, ataques de multidões e falsas denúncias ficam impunes”.
“Atualmente, os cristãos representam 2,3% da população na Índia. Como minoria distribuída em várias partes do extenso país, é muito difícil para eles obterem representatividade política”, situa a Portas Abertas.
Apesar do cenário complicado, Prya diz que “os cristãos indianos oraram e jejuaram por essa eleição com fervor, com fé de que, independentemente do resultado, Deus os responderia e concederia força para enfrentar quaisquer desafios que viessem”.
A Missão Portas Abertas considera a Índia como o 11° país mais hostil aos cristãos, na lista de 50 países que formam a Lista Mundial da Perseguição.